O caminho era de ondulações e você já não
via motivo de subir só para ter de descer em seguida. Era só a brisa noturna
sob sua pele, poucas casas. Era preciso estar a mais de cinco mil quilômetros
da matéria desejada. Você tinha se
levantado, vestido, hidratante, perfuminho, grampo no cabelo, batom quase
imperceptível e, no já no movimento de partida, esqueceu a ação. Parabéns, felicidades, tudo de bom, por ter sobrevivido por mais um ano, diziam.
Ali era mesmo só o ar úmido do sereno. Você faltou à própria festa, diriam. Você
via a brasa na palha queimar, como única companheira, depois apagar deixando a
noite escura de novo. Por medo você reacendia, e o cigarro já causava ânsia de
vômito na rua deserta. Ao longe vinha vindo um velhinho, chegando mais perto, e
a palha queimando, mais perto. Você pensa em falar com ele, quem
sabe, mas ele vira uma rua antes, para em frente à igreja e faz o sinal da
cruz, sua sombra se une ao negro noite, você já não sabe para onde ele foi,
você nunca sabe onde tudo isso vai dar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário