terça-feira, 9 de julho de 2013

O caminho era de ondulações e você já não via motivo de subir só para ter de descer em seguida. Era só a brisa noturna sob sua pele, poucas casas. Era preciso estar a mais de cinco mil quilômetros da matéria desejada. Você tinha se levantado, vestido, hidratante, perfuminho, grampo no cabelo, batom quase imperceptível e, no já no movimento de partida, esqueceu a ação.  Parabéns, felicidades, tudo de bom,  por ter sobrevivido por mais um ano, diziam. Ali era mesmo só o ar úmido do sereno. Você faltou à própria festa, diriam. Você via a brasa na palha queimar, como única companheira, depois apagar deixando a noite escura de novo. Por medo você reacendia, e o cigarro já causava ânsia de vômito na rua deserta. Ao longe vinha vindo um velhinho, chegando mais perto, e a palha queimando, mais perto. Você pensa em falar com ele, quem sabe, mas ele vira uma rua antes, para em frente à igreja e faz o sinal da cruz, sua sombra se une ao negro noite, você já não sabe para onde ele foi, você nunca sabe onde tudo isso vai dar.

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