Eles ainda se lembravam, ainda o encontravam nas rotinas
cotidianas dos bares e restaurantes, nas peças, nos livros velhos, nas músicas
e trabalhos. Eles ainda mandavam mensagens, perguntavam pelo seu retorno,
quando era mesmo aquela data que você disse que tinha a passagem. E a passagem
se desfazia em cada espaço entre o chão e o céu, em cada circundar dos vales. A
passagem se desfazia em novos sabores, nas ruas que se perdiam, no roncar dos
motores. A passagem se desfazia nos lugares que se tornavam um lugar que não
fosse o da passagem. A passagem se fazia em outras passagens. A passagem se
desmanchava em muitos orgasmos. A passagem. Circulava amores de partida. A
passagem gerava, desfazia saudades e ia. A passagem se refletia no brilho dos
becos desconhecidos. Na paisagem de cenas e riscos. Jogos de sorte, jogos de
tédio. De medo e solidão. A passagem se desfazia no cansaço. Em rostos e não
estares. A passagem transformava, eles não entendiam. Nunca voltava porque
passava e se fazia em vida. Diluía o meu em mundo. E o que era o eu já era
tudo.
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