quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

mãos cruzadas sobre o login

Era o orgulho. A família aplaudia o contrato assinado. Agora, a vaga ocupava os velhos vazios, e o sonho de mudança já não era necessário. Agora, se enquadrava. Tinha todos os direitos assegurados. O lugar para morar e se proteger da chuva, no qual jamais habitaria. Podia reparar a saúde, aquela que lhe haviam quitado. Pagar pelo estudo, embora o pensamento lhe fosse negado. Almoçava deliciosas comidas, cuspidas pelos outros contratados. O passe pelo ônibus estava liberado, até iria e viria, se as ruas não fossem de cancelas naquele horário. O melhor era esperar um pouco e consumir, depois de tantas horas, uma happy hour. Ou mais uns dias, e o fim de semana. Ou mais um ano, e as férias. Ou mais uma vida para a aposentadoria, quando o desocupado já lhe fosse insuportável. Em troca do troco, dizia sim, sim, sim. Era um profissional. Foi contratado, pois professava a fé em um ofício. Embora a fé, vendida; o ofício, condicionado; a opinião, calada, cavassem, oito horas por dia, apenas o seu calvário. No andar daquele edifício, chamavam isso de trabalho. 

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