esse sorriso plástico
a comprar lembrancinhas
inspira expira
o instinto detido
o grito esquecido
a natureza construída
nos ares da capital
morrer é sentir
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Todas essas ruas são vias do medo
por onde corre a insegurança
à espera da luz
à procura do táxi
para chegar em casa
a salvo do outro
e fechar as janelas
as portas
pensar em mais trancas
mais grades
e cercas
medo do vento que sopra
dos gritos de “pega ladrão”
medo do outro
dos fantasmas do outro na sala
Todas essas janelas são entradas do medo
medo do próximo
que o Estado diz ser igual a mim
que a igreja prega que eu deveria amar
como a mim mesmo
e eu só amo a mim mesmo
só vou salvar a mim
quando o outro chegar
não haverá ideologia
quando o outro chegar
não haverá justiça
quando o outro chegar
Não me vejam covarde
evito caminhos que me levem ao outro
e já não ando sozinho a pensar em tudo
por culpa do outro
dedetizo, faço assepsia do outro
para não morrer
de medo
do medo
do outro.
por onde corre a insegurança
à espera da luz
à procura do táxi
para chegar em casa
a salvo do outro
e fechar as janelas
as portas
pensar em mais trancas
mais grades
e cercas
medo do vento que sopra
dos gritos de “pega ladrão”
medo do outro
dos fantasmas do outro na sala
Todas essas janelas são entradas do medo
medo do próximo
que o Estado diz ser igual a mim
que a igreja prega que eu deveria amar
como a mim mesmo
e eu só amo a mim mesmo
só vou salvar a mim
quando o outro chegar
não haverá ideologia
quando o outro chegar
não haverá justiça
quando o outro chegar
Não me vejam covarde
evito caminhos que me levem ao outro
e já não ando sozinho a pensar em tudo
por culpa do outro
dedetizo, faço assepsia do outro
para não morrer
de medo
do medo
do outro.
sábado, 8 de outubro de 2011
votos para a vida
Mais inteligência, menos cárcere
Menos compromisso, mais amor e arte
Menos asfalto, mais terra
Mais encontro, chegadesaudade.
Menos compromisso, mais amor e arte
Menos asfalto, mais terra
Mais encontro, chegadesaudade.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
a rua estreita
casas modestas
de um lado e de outro
árvores fazem sombra
o sol quente do meio-dia
irradia o chão
de paralelepípedos
que sobem ladeira
descem ladeira
onde o estandarte avança
e um bloco preenche
todos os paralelepípedos
e as calçadas também
pés e cabeças giram
cores se fundem
as sombras dançam
enquanto o trompete canta
essa gente que
foron fon fon
fon fon fon fon...
casas modestas
de um lado e de outro
árvores fazem sombra
o sol quente do meio-dia
irradia o chão
de paralelepípedos
que sobem ladeira
descem ladeira
onde o estandarte avança
e um bloco preenche
todos os paralelepípedos
e as calçadas também
pés e cabeças giram
cores se fundem
as sombras dançam
enquanto o trompete canta
essa gente que
foron fon fon
fon fon fon fon...
Na medida
àquela caneca que me servia.
Tododia
Tododia
ela se enchia
do café amargo
que respigava no papel
Enchia-se
de mate para acelerar
erva doce para acalmar
água para diluir
até mesmo chocolate
em barra
com guaraná
em pó
e café
com leite
sei lá por quê
não fique vazia
não fique vazia
lembre-se
às segundas-feiras
em horário comercial
é proibido se encher de ar
tánahora ar
tánahora ar
...
Queria mesmo era se encher de uísque
sem que ninguém pressentisse
aquela bebida etílica
a fazer redemoinhos
e correntezas acorrentadas
sobre a mesa do escritório
Ela se enchia
Ela se enchia
(É proibido transbordar)
Ela se enchia
Ela se enchia
tanto que
numa manhã chuvosa
sem poder partir
partiu-se
Tododia
Tododia
ela se enchia
do café amargo
que respigava no papel
Enchia-se
de mate para acelerar
erva doce para acalmar
água para diluir
até mesmo chocolate
em barra
com guaraná
em pó
e café
com leite
sei lá por quê
não fique vazia
não fique vazia
lembre-se
às segundas-feiras
em horário comercial
é proibido se encher de ar
tánahora ar
tánahora ar
...
Queria mesmo era se encher de uísque
sem que ninguém pressentisse
aquela bebida etílica
a fazer redemoinhos
e correntezas acorrentadas
sobre a mesa do escritório
Ela se enchia
Ela se enchia
(É proibido transbordar)
Ela se enchia
Ela se enchia
tanto que
numa manhã chuvosa
sem poder partir
partiu-se
Manhã
raios de sol iluminam
nobres senhoras que passeiam
na Avenida Atlântica entre
silicones de travestis
pivetes, turistas
gritos de vadias
cores do arco-íris
salários de bombeiros
sedas de maconheiros
meia dúzia de ambientalistas
com cartazes reciclados
para ciclista ver
um rapaz trôpego
caminha no calçadão
com um copo vazio
e altas ondas de
plástico-biscoito-côco
picolé-lata-esgoto
restos de mar
que chuááá na areia
formando a composição dadaísta
desse verão que te ganha
em Copacabana.
raios de sol iluminam
nobres senhoras que passeiam
na Avenida Atlântica entre
silicones de travestis
pivetes, turistas
gritos de vadias
cores do arco-íris
salários de bombeiros
sedas de maconheiros
meia dúzia de ambientalistas
com cartazes reciclados
para ciclista ver
um rapaz trôpego
caminha no calçadão
com um copo vazio
e altas ondas de
plástico-biscoito-côco
picolé-lata-esgoto
restos de mar
que chuááá na areia
formando a composição dadaísta
desse verão que te ganha
em Copacabana.
domingo, 11 de setembro de 2011
descompasso
Eu bem te avisei
sobre essa distância
que se fez entre nós
Eu bem te avisei
de um estranho vazio
essa tal liberdade
que se fez entre nós
Eu bem te avisei
Sem saber bem o quê
Sem saber o porquê
E até te acusei
Procurei
dançar com outros pares
em estranhos estares
nessas noites,
longe de ti
Tu não entendias
minha alma perdida
tal alma penada
tão ao lado teu
(eu bem te enganei)
Eu bem que não quis,
mas tudo secou
Meu bem, esse amor
nos descompassou.
sobre essa distância
que se fez entre nós
Eu bem te avisei
de um estranho vazio
essa tal liberdade
que se fez entre nós
Eu bem te avisei
Sem saber bem o quê
Sem saber o porquê
E até te acusei
Procurei
dançar com outros pares
em estranhos estares
nessas noites,
longe de ti
Tu não entendias
minha alma perdida
tal alma penada
tão ao lado teu
(eu bem te enganei)
Eu bem que não quis,
mas tudo secou
Meu bem, esse amor
nos descompassou.
claquete
para ler ao som de blues
Uma pausa triste
Meu olhar alheio
mira a janela
sem nada ver
(Espera da janela
sei lá o quê)
Pego o cigarro
acendo num trago
e, na fumaça,
dissipo essas lágrimas
que teimam em cair
lentamente
Por causa de você
quase pareço
cena de cinema
nos anos 50.
Uma pausa triste
Meu olhar alheio
mira a janela
sem nada ver
(Espera da janela
sei lá o quê)
Pego o cigarro
acendo num trago
e, na fumaça,
dissipo essas lágrimas
que teimam em cair
lentamente
Por causa de você
quase pareço
cena de cinema
nos anos 50.
Percebi ser meio torta
como a árvore envergada
quando adentrei aquela área
em que diziam não ter nada
Eu, assim, admirada
até achei muito absurdo
perceber coisa nenhuma
em um lugar que tinha tudo
Naquela bela verde terra
tinha água, tinha flor
dava fruto mais gostoso
dava o mais puro amor
No galho a desfolhar
bichos apareciam
vento assobiava
orvalho respingava
Não havia medo algum
era uma civilização
contradizia o homem
que vive na perdição
Em clima mais ameno
sem fumaça ou cimento
o mundo andava mais lento
e até esquecia o tempo
Nas ruas, poucas casas
não se via apartamento
puleiro era lugar de galinha
não cabia nem o jumento
Em vez de asfalto e buzinas,
passarinhos em sinfonia
se algum barulho se ouvia
era o rio de águas macias
O dia era na cachoeira
A tarde era fruta do pé
A noite era céu de estrelas
A vida guardava mais fé.
como a árvore envergada
quando adentrei aquela área
em que diziam não ter nada
Eu, assim, admirada
até achei muito absurdo
perceber coisa nenhuma
em um lugar que tinha tudo
Naquela bela verde terra
tinha água, tinha flor
dava fruto mais gostoso
dava o mais puro amor
No galho a desfolhar
bichos apareciam
vento assobiava
orvalho respingava
Não havia medo algum
era uma civilização
contradizia o homem
que vive na perdição
Em clima mais ameno
sem fumaça ou cimento
o mundo andava mais lento
e até esquecia o tempo
Nas ruas, poucas casas
não se via apartamento
puleiro era lugar de galinha
não cabia nem o jumento
Em vez de asfalto e buzinas,
passarinhos em sinfonia
se algum barulho se ouvia
era o rio de águas macias
O dia era na cachoeira
A tarde era fruta do pé
A noite era céu de estrelas
A vida guardava mais fé.
breve história do sonho inacabado
São lembranças de um reino distante...
onde eu era a princesa.
Um dia, a bruxa malvada jogou em mim o pó da incompreensão.
e mandou o vento levar o meu castelo de areia.
Eu morava nesse castelo, sabe?
Eu era a princesa do castelo de areia que o vento levou.
Eu fiquei na praia, no tempo nublado.
Olhando meu castelo triturado.
Eram apenas grãos de areia,
onde eu via paredes do aço mais forte.
Enchi as mãos de areia e tentei desesperadamente juntar os grãos
em vão.
e lá se vão os grãos.
para onde?
onde eu era a princesa.
Um dia, a bruxa malvada jogou em mim o pó da incompreensão.
e mandou o vento levar o meu castelo de areia.
Eu morava nesse castelo, sabe?
Eu era a princesa do castelo de areia que o vento levou.
Eu fiquei na praia, no tempo nublado.
Olhando meu castelo triturado.
Eram apenas grãos de areia,
onde eu via paredes do aço mais forte.
Enchi as mãos de areia e tentei desesperadamente juntar os grãos
em vão.
e lá se vão os grãos.
para onde?
conjugar
É que em nosso perfeito nós,
vieram vós e eles
Não, meu amor,
não eram pronomes
Era a dor
Éramos nós
Eram os nós
vieram vós e eles
Não, meu amor,
não eram pronomes
Era a dor
Éramos nós
Eram os nós
Carapaças de aço
Concreto. Ruído
Muito acontece
Nenhum estímulo
No corpo rendido,
a letargia faz o tempo
Os olhos reviram e miram
Para dentro
Terra à vista? Não
Lá estão os pensamentos
Que ressoam, se atracam,
se amam e misturam
Diante de uma palavra tua
Horas voam: tic-tac
E tudo que acontece na cidade sou eu
Hoje o Rio ficou assim:
vocêeeu.
Concreto. Ruído
Muito acontece
Nenhum estímulo
No corpo rendido,
a letargia faz o tempo
Os olhos reviram e miram
Para dentro
Terra à vista? Não
Lá estão os pensamentos
Que ressoam, se atracam,
se amam e misturam
Diante de uma palavra tua
Horas voam: tic-tac
E tudo que acontece na cidade sou eu
Hoje o Rio ficou assim:
vocêeeu.
sábado, 10 de setembro de 2011
perseguição
Esse nosso adeus:
um ciclo de amor vicioso
o gato atrás do rato atrás do gato
separados, mas em círculos
o rato rói e eu roído
eu, ruído,
mais pareço
um gato que engoliu o mio
em meio a tua ausência
e minha fel (ina) solidão
até sou rato
a amar os bueiros da noite
no calar da dor constante.
um ciclo de amor vicioso
o gato atrás do rato atrás do gato
separados, mas em círculos
o rato rói e eu roído
eu, ruído,
mais pareço
um gato que engoliu o mio
em meio a tua ausência
e minha fel (ina) solidão
até sou rato
a amar os bueiros da noite
no calar da dor constante.
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